À sentença final ditada por tantos na frase “The print is dead” veio a resposta dos saudosistas e inconformados, com um contundente hashtag #printisnotdead que conta, à data de hoje, com um expressivos 319.000 posts no Instagram. Pena que sejam isso mesmo, posts, em vez de prints. #ironias.
Saindo do social virtual para o real, passaram uns bons anos desde que o “print” teve morte anunciada, quando jornais a revistas desataram a fechar portas, incapazes de acompanhar o ritmo do online e das notícias ao segundo e de traduzirem em vendas o que seria (e é) a sua mais valia: o tempo para digerir as notícias, confirmar fontes e assegurar conteúdos de qualidade. Ao mesmo tempo, o outro “print”, o que se refere aos laboratórios de revelação e impressão de fotografias (para decoração, exposições, etc) também não tinha a vida facilitada pelos avanços da tecnologia: com a evolução da fotografia digital e das impressoras caseiras, o negócio de revelação de rolos praticamente desapareceu e o da impressão das fotografias parecia fazer cada vez menos sentido: “se posso ter uma impressora de qualidade em casa, para que é que vou gastar tempo e dinheiro a contratar os serviços de um laboratório?” num magnífico paralelismo com a pergunta que tantos fotógrafos adoram ouvir: “para quê contratar um fotógrafo, se tenho um iPhone que tira fotografias incríveis?”.
Perguntas como estas, respondem-se com trabalho de qualidade, a dose certa de coragem, resiliência e, já agora, persistência, qualidades que nunca faltaram ao Nuno, nem à sua família e equipa (estas batalhas não se ganham em viagens solitárias), parte integrante de um percurso de duas décadas de sucesso do Fineprint, celebrado agora numa exposição que reune trabalhos de 21 artistas, todos visitas regulares deste lugar tão especial, onde diariamente se trabalha com um rigor e qualidade inquestionáveis. Aqui preparam-se imagens (impressão, emolduramento, montagem) para oferecer numa data especial, para aplicar nas paredes cá de casa e para tantas outras casas e empresas, onde eu e tantos outros temos o privilégio de ver as nossas fotografias encontrarem um novo lar. No Fineprint nascem obras de arte para uma exposição na Gulbenkian, para a Arco Lisboa ou Madrid (por supuesto) e soube outro dia, entre duas garfadas de arroz de lingueirão, até para o Pompidou. Magnifique!
Se eu podia imprimir fotografias no meu estúdio? Claro que podia e confesso que é tentador. Mas sendo um info-excluído de elite no que toca a impressoras, poupo-me a um burnout à conta de lutar com folhas encravadas, impressoras que desaparecem na rede e tinteiros anoréticos. A qualidade final do trabalho também não é, evidentemente, a mesma e a que procuro é só a melhor possível. O preço? Já lá vai o tempo em que a diferença no custo de impressão compensava as (minhas) peripécias de imprimir em casa. Mas ir ao Fineprint, é deixar a frieza dos números para trás e ter a certeza que naquela casa ouvem e sonham também com as nossas ideias, que é sempre possível fazer melhor e que quando tudo parece correr mal - na véspera de inauguração de uma exposição, claro - o Nuno vai resolver.
Muitos parabéns Fineprint, venham mais 20!
Exposição patente até 15 de Novembro na galeria A Homem Mau, na Rua Gonçalves Crespo, 6C, de segunda a sexta, das 10 às 19h.